segunda-feira, 24 de maio de 2010

Hilda Hilst

Tudo vive em mim.Tudo se entranha


Na minha tumultuada vida.E por isso

Não te enganas,homem,meu irmão,

Quando dizes na noite,que só a mim me vejo

Vendo-me a mim,a ti.E a esses que passam

Nas manhãs,carregados de medo,de pobreza,

O olhar aguado,todos eles em mim,

Porque o poeta é irmão do escondido das gentes

Descobre além da aparência,é antes de tudo

LIVRE,e por isso conhece.Quando o poeta fala

Fala do seu quarto,não fala do palanque,

Não está no comício,não deseja riqueza

Não barganha,sabe que o ouro é sangue

Tem olhos no espírito do homem

No possível infinito.Sabe de cada um

A própria fome.E porque é assim,eu te peço:

Escuta-me.Olha-me.Enquanto vive um poeta

O homem está vivo.

Hilda Hilst

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