segunda-feira, 24 de maio de 2010

Affonso Romano de Sant´Anna

Começo a olhar as coisas


como quem, se despedindo,

se surpreende

com a singularidade

que cada coisa tem

de ser e estar.



Um beija-flor no entardecer desta montanha

a meio metro de mim, tão íntimo,

essas flores às quatro horas da tarde, tão cúmplices,

a umidade da grama na sola dos pés, as estrelas

daqui a pouco, que intimidade tenho com as estrelas

quanto mais habito a noite!



Nada mais é gratuito, tudo é ritual

Começo a amar as coisas

com o desprendimento que só têm

os que amando tudo o que perderam

já não mentem.







Affonso Romano de Sant´Anna

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