segunda-feira, 24 de maio de 2010

Cecília Meireles

Canção do caminho



Por aqui vou sem programa,

sem rumo,

sem nenhum itinerário.

O destino de quem ama

é vário,

como o trajeto do fumo.



Minha canção vai comigo.

Vai doce.

Tão sereno é seu compasso

que penso em ti, meu amigo.

- Se fosse,

em vez da canção, teu braço!



Ah! mas logo ali adiante

- tão perto!-

acaba-se a terra bela.

Para este pequeno instante,

decerto,

é melhor ir só com ela.



(Isto são coisas que digo,

que invento,

para achar a vida boa...

A canção que vai comigo

é a forma de esquecimento

do sonho sonhado à toa...)

Cecília Meireles

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