segunda-feira, 24 de maio de 2010

Ana Lúcia Temporini Gonçalves (16 ANOS)

Assim falava a canção que na América ouvi




Entre panelas, gordura e serviço pesado de faxina,

entre cimento armado e concreto,

batuca o samba-enredo da escola.

Percussão.





Entre compassos e réguas empunhados,

traçando ângulos e conjugando verbos,

dançam os estudantes no ritmo da juventude.

Flautas-pássaro.





Entre os dedos trocados das mãos entrelaçadas,

confundindo os sentidos e unindo as forças,

caminham os namorados no mesmo sentido.

Violinos.





Outros se juntam com seus pianos,

suas trompas, oboés, clarinetas, seus violoncelos,

violões, surdos, baixos, mudos e altos.



E com todo esse aparato sinfônico,

cantam contra o colonialismo,

cantam contra o Imperador,

cantam contra Getúlio.





Agora formam uma banda e saem às ruas,

para que a moça feia e o avarento ouçam coisas de amor

e saibam que, apesar de tudo, "amanha há de ser um outro dia".





Levantam-se os povos, gritam livres os mendigos,

batem panelas em vários tons de amarelo -

amarelos nada medrosos - enunciando que inexoravelmente vai passar,

que querem a utopia e a felicidade dos olhos de um ancião,



muita alegria, muita gente feliz e que a justiça reine no continente, no conteúdo.

Consciente de que ficar de frente para o mar

e de costas pro Brasil não vai fazer desse lugar um bom país

levantam suas bandeiras e desmascaram seus verdes sentimento,

coração, juventude e fé.





Que mundo construirão?



Ana Lúcia Temporini Gonçalves (16 ANOS)

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