segunda-feira, 24 de maio de 2010

FERNANDO PESSOA

Ninguém compreende outro.Somos,como disse o poeta,ilhas no mar da vida;


Corre entre nós o mar que nos define e separa.

Por mais que uma alma se esforce por saber o que é outra alma,

Não saberá senão o que lhe diga uma palavra – sombra disforme no chão do seu

Entendimento.

Amo as expressões porque não sei nada do que exprimem(...) – Fernando Pessoa

Livro do Desassossego – 359



...o sagrado instinto de não ter teorias ... 253







Apoteose do absurdo -371 Livro do Desassossego - Fernando Pessoa

Falo a sério e tristemente;este assunto não é para alegria,

Porque as alegrias do sonho são contraditórias e entristecidas

E por isso aprazíveis de uma misteriosa maneira especial.

Sigo às vezes em mim,imparcialmente,essas coisas deliciosas e absurdas

Que eu não posso poder ver,porque são ilógicas à vista –pontes sem donde nem para onde,

Estradas sem principio nem fim,paisagens invertidas- o absurdo ,o ilógico,o contraditório,

Tudo quanto nos desliga e afasta do real e do seu séquito disforme de pensamentos

Práticos e sentimentos humanos e desejos de acção útil e profícua.O absurdo salva de chegar

A pesar de tédio aquele estado de alma que começa por se sentir a doce fúria de sonhar.

E chego a ter não sei que misterioso modo de visionar esses absurdos - não sei explicar,mas eu vejo essas coisas inconcebíveis à visão.

Apoteose do Absurdo - 372

Absurdemos a vida,de leste a oeste.

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