terça-feira, 22 de março de 2011

Rainer Maria Rilke

Rainer Maria Rilke: "Archaïscher Torso Apollos" / "Torso arcaico de Apolo": trad. Manuel Bandeira




Torso arcaico de Apolo



Não sabemos como era a cabeça, que falta,

de pupilas amadurecidas. Porém

o torso arde ainda como um candelabro e tem,

só que meio apagada, a luz do olhar, que salta



e brilha. Se não fosse assim, a curva rara

do peito não deslumbraria, nem achar

caminho poderia um sorriso e baixar

da anca suave ao centro onde o sexo se alteara.



Não fosse assim, seria essa estátua uma mera

pedra, um desfigurado mármore, e nem já

resplandecera mais como pele de fera.



Seus limites não transporia desmedida

como uma estrela; pois ali ponto não há

que não te mire. Força é mudares de vida.

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