Gilberto Mendonça Teles
A poesia mostra ao homem outros sentidos da existência, integra-o na plenitude da sua cultura, dá ênfase ao visível e escancara as janelas do invisível, amplia portanto o seu universo e lhe restitui a ilusão de sua divindade, uma vez que lhe dá o poder da criação através da linguagem. Ela tem a força natural dos álibis - que apontam para um e, ao mesmo tempo, para outro lugar, quase sempre utópico; e tem, como a Sibila o poder encantatório de nos fazer jogar com o sobrenatural. É por isso que os tiranos de todos os tempos e lugares temem os poetas e a poesia. E não é à toa que para Hölderlin ela é ao mesmo tempo a mais inocente das ocupações e o mais perigoso de todos os bens.
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