terça-feira, 29 de março de 2011

JOÃO GILBERTO NOLL

A cada quarteirão ele vibrava mais. “Sem metas”, como apregoava seu professor de estética, na época em que esse terreno suscitava sérias digressões. A cada quarteirão conhecia novo ânimo. Fôlego para mil quarteirões, se aquela praia os possuísse. Vivia uma estrada solitária. “Para descansar”, repetia. Encontraria um jeito de não mais sair dali. “Fazendo o quê?”, uma voz inclusa perguntava. Ele parou. Olhou as mãos, o corpo. “Sei sim, que dessa pele tão cedo não sairei!” Parecia um hino súbito. Divertiu-se, encenou uma risada. Voltou a correr. E não foi mais visto.




NOLL, João Gilberto. Mínimos, múltiplos, comuns. São Paulo: Francis, 2003. p.262.

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