sábado, 11 de abril de 2009

Assim falava a canção que na América ouvi


Assim falava a canção que na América ouvi

Entre panelas, gordura e serviço pesado de faxina,
entre cimento armado e concreto,
batuca o samba-enredo da escola.
Percussão.


Entre compassos e réguas empunhados,
traçando ângulos e conjugando verbos,
dançam os estudantes no ritmo da juventude.
Flautas-pássaro.


Entre os dedos trocados das mãos entrelaçadas,
confundindo os sentidos e unindo as forças,
caminham os namorados no mesmo sentido.
Violinos.


Outros se juntam com seus pianos,
suas trompas, oboés, clarinetas, seus violoncelos,
violões, surdos, baixos, mudos e altos.

E com todo esse aparato sinfônico,
cantam contra o colonialismo,
cantam contra o Imperador,
cantam contra Getúlio.


Agora formam uma banda e saem às ruas,
para que a moça feia e o avarento ouçam coisas de amor
e saibam que, apesar de tudo, "amanha há de ser um outro dia".


Levantam-se os povos, gritam livres os mendigos,
batem panelas em vários tons de amarelo -
amarelos nada medrosos - enunciando que inexoravelmente vai passar,
que querem a utopia e a felicidade dos olhos de um ancião,

muita alegria, muita gente feliz e que a justiça reine no continente, no conteúdo.
Consciente de que ficar de frente para o mar
e de costas pro Brasil não vai fazer desse lugar um bom país
levantam suas bandeiras e desmascaram seus verdes sentimento,
coração, juventude e fé.


Que mundo construirão?

Ana Lúcia Temporini Gonçalves (16 ANOS)

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