sexta-feira, 5 de novembro de 2010

CECILIA MEIRELES

Cantar




Cantar de beira de rio:

Agua que bate na pedra,

pedra que não dá resposta.



Noite que vem por acaso,

trazendo nos lábios negros

o sonho de que se gosta.



Pensando no caminho

pensando o rosto da flor

que pode vir, mas não vem



Passam luas - muito longe,

estrelas - muito impossíveis,

nuvens sem nada, também.



Cantar de beira de rio:

o mundo coube nos olhos,

todo cheio, mas vazio.



A água subiu pelo campo,

mas o campo era tão triste...

Ai!

Cantar de beira de rio.



Cecília Meireles

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