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Canto de Quase Inverno
Bêbado de silêncio e de distância
de tempo pré-velhice e pós-infância
diagonalizei-me em desvario
Fui de mim mesmo alga e cogumelo
transfixando amarra, laço e elo
na plenicarne vasta do vazio
Sufocado de treva e desencanto
de tempo pré-raiz e pós-espanto
verticalizei-me em desatino
Fui de mim mesmo início, fim e meio
trajado de amarelo desnorteio
louco sextante sem mostrar destino
Cansado de aclive e de abandono
de tempo pré-inverno e pós-outono
horizontalizei-me em desconforto
Fui de mim mesmo imagem, sombra e medo
despí-me de alarde e de segredo
colhí as velas...
...e arribei ao porto.
A. Severo Netto (Augusto 1976)
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