segunda-feira, 16 de março de 2009

Miguel Afonso


Gaivotas
As gaivotas que me ensinaram a voar
Há dias em que algo me roí cá por dentro.
Há dias em que este roer faz um barulho ensurdecedor.
Há dias em que este roí aqui, roí ali, começa por ser uma moinha e acaba por se tornar numa dor quase insuportável.
Nesses dias agito as minhas asas.
Primeiro me recordar que sei voar.
Depois de avivada a memória é simples: Voo.
Voo.
Voo por ai.
Hoje vou voar até que as asas me doam.

Ultimamente tenho pensado muito nos inícios e nos fins.
Em como os inícios são consequência directa ou indirecta de um fim que o antecedeu.
Em como os fins dão origem a inícios (...)

Miguel Afonso

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